Alguns Estuques de Lisboa

    O Barroco

Já haviam alguns trabalhos de estuque antes da vinda de Giovanni Grossi em Lisboa, nomeadamente até no estilo Barroco. Mas a maior parte dos historiadores de Arte, devido á existência de alguma informação, preferem começar a relatar factos a partir da fundação da Escola Estuque e Desenho em 1755, integrada na Real Fábrica das Sedas ao Rato, por ordem do Marquês de Pombal, em que Giovanni Grossi, foi incumbido de dirigir esta. Apesar de Escola ter fechado, depois, Grossi continua a ensinar particularmente até á sua morte em 1771.
Teve imensos seguidores portugueses. Destacamos algumas obras em Lisboa (âmbito civil e religioso): A Igreja dos Mártires (tecto), Palácio de Sintra (Casa de Fresco), Palácio Machadinho (Madragoa), Palácio Pombal (Janelas Verdes), Capela da Ordem Terceira de S. Francisco a Jesus, Capela S. Roque, Igreja dos Paulistas, Palácio Marquês de Pombal (Oeiras), etc.

      Neoclassicismo e o Romântismo

O neoclassicismo confunde-se com o estuques de inspiração Romântica (Neogótico/Neomanuelino/Neoárabe). Em bibliografia por nós lida, pensamos que a influência do Neoclassicismo foi mais marcante no Norte de Portugal do que em Lisboa e arredores, tudo pela existência da comunidade inglesa, existente no Porto, tudo devido aos negócios ligados ao vinho do Porto.Mesmo assim como é de costume as correntes de design e arquitectónicas, chegam a Portugal, mas chegam com atrasos.
Como já dissemos o Neoclassicismo faz esquecer a "cenografia" ornamental pesada do Barroco, e introduz uma corrente de decoração leve, mais intimista. Aparecem em Lisboa alguns registos de estuques esculpidos que se confundem muita vezes com os revivalismos do movimento romântico. Os estuques de inspiração romântica tiveram como inspiração arquitectonica, em correntes antigas tais como o Neomanuelino/Neoárabe/Neogótico ( veja-se o exemplo dos Estuques do Palácio da Pena em Sintra e o Palácio de Monserrate, etc). Houve também uma procura de temas que se inspiravam em momentos de glória nacional ( Veja-se os tectos da Camâra Municipal de Alenquer , trabalhados pelos estucadores de Afife ).

A vinda do Estucador e Decorador Afifense Domingos Meira para Lisboa,na segunda metade de 1800, e o voto de confiança dado por personalidades da Corte Portuguesa (D. Fernando e a Condessa de Edla, etc) e os Arquitectos Rambois, Cinatti, Nicola Bigaglia, permitiu que executa-se maior parte dos trabalhos de estuque em edíficos arquitectonicamente importantes em Lisboa e também alguns no sul do País.
De tal modo que a Casa de Estuques, Meira e Laginha ser uma das mais importantes de Lisboa, pois quase sempre as empreitadas de estuques, trabalhos de ornamentação de tectos trabalhados/relevados, eram adjudicadas a esta firma.
Quase sempre todos este trabalhos desta oficina eram confiados a Estucadores de Afife, quer na modelação quer no assentamento do ornamento de gesso, nos tectos e paredes.

A realização de obras de estuque permitiu a rápida difusão do ofício da arte de estucador, e nos meados de 1800 estava no seu auge. Os estuques desta epóca em Lisboa encontram-se ainda hoje na em alguns locais da Av. da Liberdade, nas freguesias dos Anjos/Arroios/Graça/Saldanha/Estefânia, Chiado (principalmente nas zonas mais antigas da cidade).

      Arte Nova e Arte Deco em Lisboa

       - Arte Nova (1900)em Lisboa associada a Obras de Estuque

O gosto ondulante, sensual, plasticidade, exprimindo quase sempre a ideia de movimento da Arte Nova (onde existem remeniscências do barroco), leva-nos a crer, que esta corrente de design e arquitectonica, foi aplicada em principalmente nas fachadas de alguns edíficios em Lisboa. O ferro curvo e torcido da estação de metro de Picoas, alguns relevos nas fachadas de edíficios das Motivo Estuque Arte Nova em Lisboadenominadas avenidas novas ( Avª da República - com os ramos ondulantes de flores), alguns edíficios também com escultura relevo na Avª Almirante Reis, levam-nos a crer que houve inspiração Arte Nova.
As faixas de azulejos com temas Arte Deco, estão espalhadas por toda a cidade de Lisboa, mas temos visto com mais incidência, no Saldanha, Almirante Reis, algumas ruas perpendiculares á 5 de Outubro, Estefânia.
Em relação a trabalhos de estuque envolvendo os conceitos da Arte Nova, nada sabemos, cabe trabalho de investigação, e averiguar trabalhos de decoração nos interiores de casas de Lisboa.

       - Arte Deco (1925) em Lisboa associada a Obras de Estuque

O nome Deco surgiu depois de uma exposição de artes decorativas efectuada em Paris , em 1925
É caraterizada por linhas geometricas, bem definidas, acabando com assim com a ornamentação excessiva. O uso figuras geometricas (trângulos, semicirculos, quadrados)e alguns elementos arquitectónicos clássicos estilizados (folhas de acanto, capiteis das colunas, etc).
No entanto tal como a Arte Nova, a Arte Deco, ornamenta as fachadas dos edíficios, normalmente com Frontões.A arte Deco está também um pouco associada ao Estado Novo. Uma arquitectura muito própia dos regimes nacionalistas (Espanha, Itália, França e URSS).

É nesta altura que se observa também o desaparecimento da técnica que permitia suportar o estuque tectos fasquiados).

Em Lisboa, observa-se alguns edíficios que fazem uso desta corrente (Zona da Alameda, Almirante Reis, Rua do Salitre, Bairro das Colonias, Campo de Ourique, etc) são as zonas que foram edificadas na decada de 40 ( durante Estado Novo), e que se verifica este tipo de ornamentação exterior.
Em relação aos estuques , existem numerosas referências em Lisboa. A ornamentação é muito própria, utilizando lobúlos, triângulos, semicirculos, e molduras com ângulos acentuados. As Sancas utilizadas eram grandes, e por vezes substituiam as molduras de tabela e molduras de tecto.

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