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Os Mestres Estucadores de Afife
Pouco se têm escrito sobre a história artística , social e técnica dos estuques. Encontra-se artigos dispersos em publicações de cariz regional ou em pequens e dispersos artigos de pessoas que vivem a herança dos estuques, como é o caso dos habitantes de Afife, Viana do Castelo.
Em Portugal, a tradição da utilização de gesso em revestimentos foi , ao que parece, bastante diminuta, pelo que a chegada do Estuque ( massa de gesso com cal e aditivos), ao nosso País, no Século XVI , acaba por ser um acontecimento novo, como nunca tivesse acontecido um contacto anterior. A decoração com Estuque sempre decorreu um pouco à margem pois era entendido como uma arte trazida por gente de fora, portanto produção não nacional.
Portugal não têm minas de gesso e os artistas que executaram estuques, foram sempre estrangeiros da Europa Central, Italianos , Ingleses e Franceses.
Marquês de Pombal apercebeu-se da falta de formação dada fora dos locais de trabalho, pelo que decidiu em conforme com as politicas iluministas, fundar a Escola de Estuque e Desenho nas Reais Fabricas da Seda ao Rato.
Paralelamente ao facto anterior, uma série de pessoas procedentes do litoral norte (Viana do Castelo) de Portugal ocuparam um papel importante, na história das artes decorativas envolvendo o estuque. Viana do Castelo,foi caracterizado, por uma actividade essencialmente agrícola, e, desde tempos remotos, que o trabalho de lavoura é feito pela mulheres de família. Facto esse que acontece em Afife, Carreço e Areosa. Os homens, esses, são desde longa data, emigrantes, em virtude das profissões que os ligam à construção civil.
A lavoura sempre foi nesta zona de subsistência. Daqui que era o braço do marido, do homem, que teria o papel de melhorar o rendimento familiar, e permitir que se comprassem mais bens essenciais, salvaguardando assim o futuro dos seus dependentes. Os homens emigravam para centros urbanos importantes tanto no país como para o estrangeiro ( Brasil e América do Sul)
Até aos meados do Séc. XVIII, estes homens de Afife, Carreço e Areosa, trabalhavam como simples caiadores, rebocadores de paredes e pintores, em algumas obras dirigidas por Italianos, sendo estes os que introduziram a arte de estucar a gesso e a cal os tectos e as paredes.
Os homens de Afife e Carreço, emigravam, então para Lisboa, em navios saídos de Viana do Castelo, e para o Porto, muitas vezes a pé, onde trabalhavam como caiadores, rebocadores de paredes. Foram esses os primeiros ajudantes dos estucadores italianos, e com eles aprenderam uma nova arte.
Não existem documentos que atestem a veracidade, nem documentos que atestem a sua passagem pela escola fundada pelo Marquês de Pombal e dirigida por Giovanni Grossi. No entanto , o trabalho de estucador teve em Afife um dos seus pólos de desenvolvimento, por via de aprendizagem de desenho e modelação, talvez por autodidacta. Em Afife, o trabalho de estuque é, aliás conhecido pela designação de Arte.
Tal é a sua impotância que o símbolo heráldico da Freguesia de Afife ostenta uma faixa como o desenho Art Deco existente no Casino Afifense, como forma de homenagem a uma arte que se mantém até à actualidade.
O grande impulso em Lisboa, terá tido também pela consideração que o Rei D. Fernando terá tido pelo Domingos Meira a atribuir-lhe as empreitadas de estuques no Palacio da Pena e outros edíficios em Lisboa. Ora este devido aos trabalhos bem executados, foi-lhe atribuido a Comenda da Ordem de Cristo. Todos estes trabalhos tinham a chancela de estucadores provenientes de Afife, portanto gente de confiança de Domingos Meira (ver link sobre a vida de Domingues Meira).
Esta consideração dada pelo rei, fez com que a casa de Domingos Meira - Casa do Concheiro- (Afife) e Enes Laginha - Casa dos Penedos - (Carreço) fosse uma firmas mais prestigiadas em Lisboa, conferindo de certa maneira o monopolio do bom gosto decorativo, das artes do estuque, em Lisboa.
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